Ariano Suassuna, o reservado aristocrata sertanejo
Nesta entrevista a Inimá Simões em 1993, o escritor paraibano revela raciocínio claro sobre questões culturais, o ofício da escrita e a mídia
"Pode até parecer antipático o que vou dizer, mas na arte não há lugar para democracia. A criação da arte é coisa para poucos. Tem muito pouca gente que tem coragem de dizer isso, mas eu tenho. Então, a arte não pode se guiar pelo gosto médio. O gosto médio guia os meios de comunicação de massa. Se você levar isso pra arte, você se liquida como artista. É fatal. Na arte, é melhor você ter mau gosto do que ter um gosto médio."
Ariano Suassuna, no final dos anos 1960, estava preocupado – como sempre esteve – com a invasão em massa da cultura estrangeira em solo brasileiro. Deu início, então, em Pernambuco, ao Movimento Armorial, iniciativa de unir o erudito e o popular na busca de uma arte que considerava verdadeiramente nacional. A ideia, à época, sensibilizou nomes como o maestro César Guerra-Peixe.
Duas de suas obras mais conhecidas são o picaresco Romance d'A pedra do reino, de enorme repercussão quando de seu lançamento, em 1971, e a peça O auto da compadecida, que já teve milhares de encenações e baseou o filme de Guel Arraes estrelado por Matheus Nachtergaele e Selton Mello no ano 2000.
Em 1993, aos 67 anos, Ariano vivia em uma espécie de reclusão voluntária, entre sua fazenda de criação de cabras no interior de Pernambuco e a casa em Recife, onde recebeu a reportagem da Rádio Cultura.
De temperamento retraído, Ariano não gostava de dar entrevistas. Era, nas palavras de Inimá Simões, "um aristocrata sertanejo".
Um tanto desconfortável no início da conversa, o escritor foi se soltando e revelando um raciocínio extremamente claro sobre questões culturais, o ofício da escrita e a mídia. Confira a íntegra da entrevista.
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