'Inesperadamente, Pery Ribeiro se ajoelhou...'

Lia Machado Alvim relembra as entrevistas que fez com o filho de Herivelto Martins e Dalva de Oliveira e disponibiliza a edição d'A Voz Popular dedicada ao cantor carioca morto em 24 de fevereiro.

Lia Machado Alvim 24/02/12 18:05 - Atualizado em 24/02/12 18:05

O cantor e compositor Pery Ribeiro durante a gravação do \"Ensaio\", em 2004. (Renato Nascimento / CEDOC FPA)

Há pouco soube da morte de Pery Ribeiro. E há três dias, ao arrumar uma prateleira de livros de música, li sua dedicatória no livro “Minhas duas estrelas”, que escreveu com sua mulher, a empresária Ana Duarte. “Lia, aqui está a história da minha vida. Leia com carinho!”

Falei com Pery pela primeira vez numa entrevista por telefone. Precisava que ele contasse sobre sua gravação de “Garota de Ipanema” e de sua ligação com Tom Jobim. Nessa ocasião, soube que o autor de "Águas de março", que no começo de sua carreira fazia arranjos para vários cantores, bateu à casa de Dalva de Oliveira para preparar os arranjos de um disco que ela estava para gravar. Foi Pery, ainda menino, quem abriu a porta para o maestro e que passou a brincar com esse fato depois, dizendo que Tom retribuiu lhe abrindo outras portas durante sua carreira.

Depois dessa conversa com Pery Ribeiro, vieram outras. Uma delas, bem longa, foi no restaurante de um hotel em São Paulo, em um sábado pela manhã, entrevista que se tornou edição do programa “A Voz Popular”, que fiz com o Luiz Antônio Giron por cinco anos aqui na Cultura Brasil.

Um ano mais tarde, Pery esteve em nossos estúdios para participar de outro programa: “A Era do Rádio com Carmélia Alves”, série de 12 edições que dividi a produção com Vilmar Bittencourt.

Nesse dia, em um dos corredores da rádio, Pery encontrou Hamilton de Holanda e Yamandú Costa. Os músicos nem tiveram tempo de revenciar e cumprimentar o cantor que, inesperadamente, se ajoelhou aos pés de Hamilton e disse: “Adoro seu bandolim! Sou seu fã! Adoraria cantar um dia acompanhado por você”. Hamilton ficou comovido e retribuiu os elogios.

Pery Ribeiro foi excelente cantor, mas posso acrescentar aqui que era um cara direto, sensível, sensato e, como ele mesmo disse antes de uma entrevista, um cara que aprendeu a perdoar seus detratores, a perdoar aqueles que, muitas vezes, ofenderam a história de seus pais, o que tornou sua vida bem mais feliz.

Ouça a edição integral do programa "A Voz Popular" apresentado na Rádio Cultura Brasil em 2006.
  

 

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