Laurindo de Almeida
De passagem pelo Brasil em 1987, um dos maiores violonistas brasileiros cedeu uma entrevista para um dos grandes do rádio, Fausto Canova.
Uma coluna de histórias. Algumas reais. Outras, da pura fantasia de quem escreve.
Em 1987, eu produzia o Estúdio 1200, que tinha como apresentador Fausto Canova, um dos nomes do rádio da minha adolescência, a quem ouvia e gostava demais, pelo jeito de falar, pelo conhecimento musical, pela segurança, pela voz e até mesmo pelo bom humor de sempre, mesmo quando o Palmeiras perdia.
O Estúdio 1200 era uma revista cultural. Música, cinema, teatro, dança, cidade e tudo o que envolve artes era tratado nesse programa de duas horas diárias de duração. Na época, apresentava-se em São Paulo um dos grandes nomes do violão brasileiro: Laurindo de Almeida (1917-1995). Na verdade, grande parte do público pouco sabia sobre a carreira desse violonista muito conhecido e admirado nos Estados Unidos, pra onde se mudou em 1947.
Comentei com o Fausto da minha intenção de trazê-lo ao programa para uma entrevista ao vivo. Ele gostou da ideia, mas foi categórico: ”Ele estar aqui, na Água Branca, nessa lonjura toda, às nove da manhã? Nem pensar!”. De fato. O Laurindo fazia uma temporada no 150 Night Club, do Maksoud Plaza, e dificilmente aceitaria o convite. Entrei em contato e a situação ficou bem pior: ele não queria dar entrevista pra ninguém.
A resposta não me convenceu. Puxei da memória algumas informações e fui conversando com o músico, por telefone. Falei que a entrevista seria feita por um cara que conhecia muito de seu trabalho, desde os tempos da Rádio Mayrink Veiga. Reforcei dizendo que ele, Laurindo, o conhecia, pois o havia recebido em sua casa em Los Angeles, mais ou menos 15 anos atrás. Disse que ele ficaria muito feliz em revê-lo. Finalmente, soltei a palavra mágica: a entrevista é pro Fausto Canova.
O nome do Fausto abriu as portas. O Laurindo aceitou de imediato. Disse que seria um prazer, porque não tinha falado que era o Fausto, mas que tinha uma condição: não iria à Rádio Cultura. Era cedo demais... A entrevista deveria ser feita no hotel. Tudo resolvido?
Claro que não. Uma coisa foi convencer a Laurindo a dar a entrevista. A outra era convencer o Fausto da condição. Parece simples. Pra você ter uma ideia, produzi o Estúdio 1200 durante 12 anos. De segunda a sexta-feira, ali, duas horas no ar. Se você fizer a conta, chegará a um total de três mil programas. Sabe você, nesse período, quantas vezes o Fausto Canova fez uma entrevista fora da Rádio?
Peguei o telefone, liguei pro Fausto, e expliquei a situação. E fiquei ouvindo: “Nããão...”. “A que horaaaaas!?”. “Quarta-feiraaaaa”. (Silêncio) Mais um pouco de silêncio... Na quarta-feira, às duas da tarde do dia 16 de setembro de 1987, estávamos no 150 Night Club para entrevistar um dos maiores nomes do violão brasileiro: Laurindo de Almeida.
Ao ouvir esta entrevista, depois de 23 anos, lembrei-me da gravação. Foi no início da tarde de um dia nublado, no 150 Night Club. Pouca luz, cadeiras levantadas sobre as mesas e muita cordialidade. Laurindo de Almeida chegou sorridente, animado ao lado de sua esposa, a cantora norte-americana Deltra Eamon Almeida, e falando com muito sotaque. Fausto Canova foi um ótimo anfitrião. Mostrou toda a sua naturalidade e descontração no papo que manteve com o violonista.
Deixei uma pergunta no ar: quantas vezes o Fausto Canova fez uma entrevista para a Rádio Cultura fora dos estúdios da emissora? Uma. Na tarde do dia 16 de setembro de 1987.
O que você vai saber ouvindo a entrevista
- Em que emissora de rádio Laurindo de Almeidacomeçou a carreira;
- Quantos anos ficou sem tocar em São Paulo;
- O número surpreendente de discos gravados por Laurindo de Almeida nos Estados Unidos;
- O número de Grammys que ele ganhou, além dos que ele concorreu;
- O número de Oscar;
- Como foi seu início na orquestra de Stan Kenton;
- Sua outra especialidade.
Números com Laurindo de Almeida
1. Carmen Miranda, acompanhada dos violões de Laurindo de Almeida e Garoto, “Mulato anti-metropolitana” (Laurindo de Almeida), 1939;
2. Laurindo de Almeida, “Lament in tremulo form” (Laurindo de Almeida), 1970;
3. Laurindo de Almeida, “Fellings” (Morris Albert - Arranjo de Laurindo de Almeida), 1977;
4. Laurindo de Almeida e Charlie BIRD, “Carioca” (Ernesto Nazareth), 1981.
O cmais+ é e reúne os canais TV Cultura, UnivespTV, MultiCultura,
TV Rá-Tim-Bum! e as rádios Cultura Brasil e Cultura FM.
Visite o cmais+ e navegue por nossos conteúdos.