Salve, Abu!

Coluna relembra passagens de Antônio Abujamra pela Rádio Cultura e reúne pensamentos e textos lidos por ele

O que é a vida? Essa pergunta era feita por Antônio Abujamra, às vezes mais de uma vez, aos convidados do programa apresentado por ele na TV Cultura. Talvez o questionamento seja uma boa síntese do que foi a trajetória de Abu, como era carinhosamente chamado. Ele refletiu sobre a vida em seus trabalhos como ator, diretor e em suas entrevistas. Questionava o papel do ser humano, suas ações, sua condição e provocava para que a nossa passagem por aqui não fosse uma mera passagem. Para os olhos de alguns, Abujamra até podia intimidar. Mas o que ele queria mesmo era o voo, a liberdade, a dúvida. Uma vida de certezas pode ser muito chata. Se não nos conhecemos direito ou muito pouco, como podemos querer ter certeza das coisas, do outro?

Antônio Abujamra foi um artista completo, que atuou e dirigiu no teatro, na televisão e no cinema. Sempre propôs ir além, sair da zona de conforto, questionar mesmo sem chegar à resposta. Refletiu. Provocou para que os outros refletissem. Era um investigador da alma humana que não se importava em chegar a uma conclusão. Tenho passagens muito carinhosas com Abu pelos corredores da Cultura, que vou guardar em um lugar muito especial.

Nesta homenagem, selecionei trechos de entrevistas de Antônio Abujamra na Rádio Cultura nos anos 1990, em que o artista fala de trabalhos seus no teatro e reflete sobre a profissão, o humano e... A vida. Você também acompanha dois textos lidos por ele no programa Provocações: o poema “O tempo”, de Mário Quintana, e “Eu sei, mas não devia”, escrito por Marina Colasanti. Obras que caminham pelo que Abujamra mais gostava, a investigação do ser humano e seu papel. Depoimentos de amigos e colegas de profissão gravados pela repórter Cirley Ribeiro completam esse tributo.

Abri o texto da coluna com uma pergunta de Abu. Termino com uma frase dele: “A vida é sua. Estrague-a como quiser.”