Arandú Porã: sensível sabedoria

Paisagem submersa pelo contemporâneo é revelada pelos bons olhos guarani. Esse é o tema de exposição fotográfica no Memorial da América Latina, em SP.

Julio de Paula 17/09/10 18:49 - Atualizado em 17/09/10 18:49

A fumaça do petinguá (cachimbo) que envolve a tudo, faz a conexão dos guarani com Nhanderu (o criador).

O Guarani é povo introspectivo e religioso. Suas aldeias estão ilhadas em pequenos trechos de mata virgem da costa atlântica do Espírito Santo ao Paraguai, Bolívia e Argentina. Seu convívio com o juruá (não-índio) se dá de modo reservado.

Um pequeno conjunto de fotografias reunido no Memorial da América Latina, em São Paulo, entre os dias 9 de setembro de 2 de outubro, apresenta o universo da Aldeia Ribeirão Silveira e seu entorno (Serra do Mar, SP) pelas lentes dos fotógrafos guarani. Imagens que indicam sensibilidade do olhar e revelam o espírito das coisas.

A exposição é fruto de uma oficina realizada entre abril e agosto de 2010 pela comunidade guarani com apoio da Secretaria de Estado da Cultura. “A intenção foi munir os participantes para o diálogo por meio da fotografia”, explica Bruno Schultze, fotógrafo e curador do projeto. História da fotografia, técnica e edição de imagens digitais, além das saídas a campo para o registro da paisagem integraram o processo de trabalho. “A exposição inaugura um novo modo de relacionamento entre a comunidade indígena e a sociedade brasileira”, diz Schultze.


[ ] A reverência aos ciclos naturais, respeito à natureza e cuidado com a água cristalina integram o nhanderekó, modo de vida guarani.
 

Diálogo com a própria sombra

“O Arandu está em sentir sua própria sombra e assim se conhecer, mergulhando no universo da sabedoria, presente na espiritualidade e na essência de cada um”, esclarece Cristine Takuá, uma das coordenadoras do projeto ao lado de Teresa Silveira, Papá Mirim Poty e Adriano Mergulhão.

Transmissão da sabedoria guarani por meio do diálogo fotográfico: “Com o olhar sensível mais a técnica, jovens tentam intercambiar seus saberes com os não-indígenas adentrando no mundo da informação, da comunicação e da arte”, pontua Cristine. “Momento único de todos conhecerem o Arandu e apreciarem a arte que brota da natureza humana”.

[ ] Conhecer-se é reconhecer a natureza como simultaneidade de detalhes que integram o todo.

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