Prisioneira do Amor: Andreia Dias

Em novo álbum, cantora interpreta o lado B de Rita Lee

Teca Lima 16/04/15 10:35 - Atualizado em 16/04/15 12:56

Detalhe da capa do disco Prisioneira do amor, de Andreia Dias

A fase psicodélica e menos conhecida de Rita Lee foi a escolhida por Andreia Dias para o novo CD, Prisioneira do Amor, o quarto solo de sua carreira. A cantora paulistana teve a ideia do tributo quando participou de um show em São Paulo, em que cantou junto com os irmãos Beto e Rubens Nardo (que tocaram com Rita nos anos 1970 e participam agora no álbum). Aquele show deu início a uma série de apresentações na noite paulistana e foi visto pelo DJ Zé Pedro, da gravadora Joia Moderna, que pensou em levar o projeto dos palcos para o disco.

Andreia e o jornalista Marcus Preto, que ficou responsável pela direção artística do álbum, escolheram um repertório lado B da cantora, extraído principalmente dos discos que inauguraram a carreira solo de Rita – Build Up (1970) e Hoje É o Primeiro Dia do Resto de Sua Vida (1972). Temas quase nunca regravados. A exceção fica para o clássico “Ovelha Negra”, que Andreia incluiu pela afinidade pessoal com a letra, da própria Rita, que trata de rejeição familiar. A ideia era fugir completamente dos covers e mesmo a conhecidíssima canção ganha interpretação original, mais sentida e melancólica.

Surgem revigorados temas como “Prisioneira do amor” de Élcio Decário, de Build Up; a rara “Glória aos reis dos confins do além”, de Paulo César de Castro, do tempo dos Mutantes, mas nunca lançada em discos do grupo; “Beija-me amor”, de Arnaldo Baptista e Élcio Decário, que teve letra censurada à época; e “Bad Trip” na versão original, do repertório da dupla Cilibrinas do Éden, que Rita montou com Lúcia Turnbull em 1973, também nunca lançada em disco (Canção que retornaria como “Shangri-lá”, reescrita em parceria com Roberto de Carvalho, em 1980).

O clima e a sonoridade do disco devem-se ao competente guitarrista, roqueiro e aficionado pelas texturas psicodélicas dos anos 1970 Tim Bernardes, da banda O Terno. Além de criar os arranjos, toca todos os instrumentos: violão, guitarra, baixo, bateria e teclados e faz backing vocals em algumas faixas. Ah, e tira um lindo som de uma viola caipira na doce “Modinha”, que Rita compôs e gravou no álbum Babilônia, de 1978 (para ouvir a faixa, clique ao final da página).

Depois de três trabalhos autorais, Andreia Dias faz um disco de intérprete e escolhe cantar Rita Lee em seus primeiros tempos. Fugindo da obviedade, oferece um muito bem-vindo resgate de uma ótima e esquecida fase da nossa roqueira maior.

Todas as faixas estão disponíveis para audição no SoundCloud.

Faixas:

1. Viagem ao fundo de mim (Rita Lee, 1970)
2. Tempo nublado (Rita Lee e Élcio Decário, 1970)
3. Beija-me, amor (Arnaldo Baptista e Élcio Decário, 1972)
4. Precisamos de irmãos (Élcio Decário, 1970)
5. Ovelha negra (Rita Lee, 1975)
6. Bad trip (Rita Lee, 1973)
7. Prisioneira do amor (Élcio Decário, 1970)
8. Glória ao rei dos confins do além (Paulo César de Castro, 1968)
9. Superfície do planeta (Arnaldo Baptista, 1972)
10. Modinha (Rita Lee, 1978)

Gravadora: Joia Moderna
Direção artística: Marcus Preto
Produção musical: Tim Bernardes

Destaque para a faixa “Modinha”:

 

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