Estudando o tecnobrega

Ele é responsável pela criação e disseminação de obras artísticas e intelectuais. Com a tecnologia como aliada, está presente na América Latina e na África.

Alceu Maynard 29/12/10 15:12 - Atualizado em 29/12/10 15:12

Tecnobrega, gente que faz: Gaby Amarantos, a diva paraense do tecnomelody, e o casal Joelma e Chimbinha, líderes da Banda Calypso. (Divulgação)

Não é mais um álbum na linha "Estudando...", do Tom Zé, mas foi lançado um livro que revela as particularidades do tecnobrega no mundo. Imagine uma banda que distribui seus CDs para os camelôs "piratearem"?

O negócio dá dinheiro e foi tema de estudo do advogado Ronaldo Lemos e da pesquisadora Oona Castro, que resultou na publicação Tecnobrega: o Pará reinventando o negócio da música, disponível para download gratuito (link ao lado). “Isto não é pirataria. Os próprios músicos fizeram uma aliança com camelôs, percebendo que o camelô tem este poder de disseminar a música para lugares inimagináveis. Então, eles mesmos entregam aos camelôs, que vendem a sua música.”

É assim que funciona a divulgação do ritmo tecnobrega, uma mistura de música eletrônica com canções "bregas", muito popular no norte do país, representado por nomes como a Banda Calypso.

O tecnobrega é usado como exemplo de sucesso de um “negócio aberto” (ou open business), que é aquele que envolve criação e disseminação de obras artísticas e intelectuais em regimes flexíveis ou livres de gestão de direitos autorais. “Eles distribuem as músicas deles com os camelôs e com as aparelhagens. As aparelhagens são tipos diferentes de festas em Belém do Pará, festas com aparelhos gigantes e super modernos. A tecnologia é um dos elementos de adoração do público do tecnobrega. Quem distribuiu os CDs a preços bem baixos e que gerou acesso a grande parte da periferia foram os camêlos”.

O tecnobrega e seus subgêneros podem ser ouvidos em toda a América Latina e África. Artistas da periferia de diversos países se apropriam da tecnologia para criar novos ritmos como o cumbia vijera (Argentina), kwaito (África do Sul), coupé décalé (Costa do Marfim) e kuduro (Angola), transformando-o atualmente no gênero mais popular do mundo. Além da origem suburbana, em comum eles têm a reinvenção do modelo de negócio a partir da apropriação das novas tecnologias.

“Se você nunca ouviu nenhum destes modelos musicais, saiba que você faz parte de uma minoria”, afirma Ronaldo Lemos. Ouça o especial produzido pelo RadarCultura durante a primeira edição da Campus Party, realizada em São Paulo em 2008. 
 

 

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