Futebol-arte

A seleção musical de quem um dia defendeu o Brasil numa Copa do Mundo. De Pepe e Zagallo, a Carlos Alberto Torres, Oscar e Mauro Silva.

Ricardo Tacioli 14/06/10 11:00 - Atualizado em 15/12/13 13:09

Música e futebol sempre estiveram de mãos dadas. Nunca esconderam o flerte, o chamego, a provocação, a segunda intenção. É história manjada. De um lado, as torcidas com seus cantos de guerra, aproveitando ou não sucessos das rádios ou das ruas. Compositores famosos, como Lamartine Babo e Lupicínio Rodrigues, já prestaram serviços seus compondo hinos de times. Artesãos menos conhecidos fizeram história ao conclamar a esquadra nacional: o quadrado mágico da publicidade formado por Wagner Maugéri, Maugeri Sobrinho, Victor Dagô e Lauro Muller moldaram "A taça do mundo é nossa", jingle futebolístico da seleção brasileira de 1958, a primeira campeã; Miguel Gustavo, o municiador de sucessos de Moreira da Silva e Jorge Veiga, assinou o "Pra frente, Brasil!", tema da seleção (e do Brasil militar) de 1970.

Diversos jogadores acreditaram que o sucesso no gramado poderia se estender aos palcos. Para citar três: Pelé teve músicas gravadas por Sergio Mendes, Tonico e Tinoco, Jair Rodrigues, Elis Regina, Wando (e até por Pelé); Junior, meio-campo do Flamengo, compôs com o cavaquinista Alceu Maia o samba "Voa, canarinho, voa", tema da seleção de 1982; e Ronaldo Soares Giovanelli, goleiro corintiano campeão brasileiro em 1990, lançou o álbum Ronaldo e os Impedidos (1996). Nenhum deles chegou aos pés de Julio Iglesias, ex-goleiro do Barcelona (ESP) e ícone da música romântica.

Do outro lado da arquibancada, músicos de diferentes gerações e estilos cantaram o futebol ou se derramaram publicamente pelo time de coração. Aí a lista é sem fim: Pixinguinha e Benedito Lacerda, Jorge Ben, Skank, Nando Reis, Ariano Suassuna, Aldir Blanc, João Bosco e Martinho da Vila... Muitos, além das composições dedicadas ao esporte bretão, rasgam ou rasgaram o gramado: Chico Buarque e seu time Polytheama, Paulinho da Viola com o Menopausa Futebol Clube, Toquinho, Carlinhos Vergueiro e o produtor Fernando Faro com o Namorados da Noite, e os Novos Baianos, uma mistura homogênea de futebol, música, bicho-grilice e alegria.

Esses dois lados da história estão bem registrados em livros, jornais, torneios televisivos, vídeos, músicas, clipes e filmes. Mas, aproveitando o clima da Copa do Mundo da África, o que os jogadores da seleção brasileira ouvem e cantam quando estão sozinhos, nas concentrações, antes e depois dos jogos? Como a música brasileira participa do dia a dia no campeonato esportivo mais importante do planeta? Quais músicas, artistas e gêneros musicais estão por trás dos batuques exibidos pelas TVs?

Com essa interrogação na cabeça, Pedro Nakano e Alceu Maynard, ambos produtores do programa RadarCultura, telefonaram para jogadores que um dia defenderam a seleção numa Copa do Mundo. A fim de compor um novo esquadrão de ouro e aproveitar a eterna polêmica que envolve qualquer convocação, a equipe priorizou atletas de diferentes posições e os transformou em figurinhas.

Este retrato contemplou lembranças de atletas que participaram das Copas realizadas entre 1958 e 2002. De Pepe, Zagallo e Carlos Alberto Torres a Paulo Isidoro, Mauro Silva e Junior. Por meio dele é possível notar as predileções musicais desses jogadores, o que se ouvia em cada uma das épocas, e os artistas mais presentes, como Wilson Simonal e Roberto Carlos. Acompanhando os depoimentos, músicas contemporâneas aos respectivos torneios.

Um especial que apresenta a música brasileira de uma outra maneira. Dá voz para os pés que fizeram história.

SELEÇÃO CULTURA BRASIL 

Abaixo, a lista dos convocados pela Cultura Brasil e as copas do mundo que participaram.

Goleiro: ZETTI (campeão em 1994)
Lateral direito: CARLOS ALBERTO TORRES (campeão em 1970)
Zagueiros: BRITO (1966 e campeão em 1970) e OSCAR (1978, 1982 e 1986)
Lateral esquerdo: JUNIOR (campeão em 2002)
Meio-campo: CLODOALDO (campeão em 1970), MAURO SILVA (campeão em 1994), PAULO ISIDORO (1982) e ZAGALLO (campeão como jogador em 1958 e 1962, como assistente-técnico em 1994, e técnico campeão em 1970, quarto colocado em 1974 e vice-campeão em 1998)
Ponta esquerda: PEPE (campeão em 1958 e 1962)
Centro-avante: ROBERTO DINAMITE (1978 e 1982)

FICHA TÉCNICA
Entrevistas: Alceu Maynard e Pedro Nakano
Montagem: Pedro Nakano
Seleção musical: Eduardo Weber, Pedro Nakano e Ricardo Tacioli
Arte: Nathália Curi
Programação: Eric Mantoani
Texto de apresentação: Ricardo Tacioli

Agradecimentos: Cartão Verde, Grandes Momentos do Esporte e Rádio Jovem Pan AM

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