Gal Costa: Índia

Interpretações antológicas, afinação máxima e sensualidade escancarada em um dos grandes álbuns da música brasileira

O que primeiro chama a atenção nesse álbum de Gal Costa é a capa de grande ousadia, além da liberdade e ecletismo do seu repertório.

Escancarando sua sensualidade, Gal aparece em close frontal vestindo apenas um biquíni vermelho. Na contra capa, ainda mais polêmica, a foto mostra a cantora de seios nus, vestida de índia. A censura vetou a exposição da capa e o disco foi vendido nas lojas embrulhado em um plástico azul.

Abrindo o disco, a faixa-título, um clássico da música paraguaia. Rogério Duprat recria a canção, mudando radicalmente sua vocação sertaneja e conferindo-lhe tons épicos, que dão a Gal a chance de explorar ao máximo seus agudos afinados. Na sequência, uma música do folclore português é adaptada por Gilberto Gil, que distorce sua essência lusitana com tambores de sonoridade africana.

Gal já havia lançado Luis Melodia gravando "Pérola Negra" no álbum Fa-tal, de 1971, e ganha do autor a inédita “Presente Cotidiano”, que não agradou a censura e acabou tendo a execução em rádio proibida.

Alguns autores já presentes na discografia de Gal Costa, como Jards Macalé, Gilberto Gil e Caetano Veloso, também comparecem. Destaque para a antológica interpretação dos longos versos de Caetano em “Da maior importância”. Gal canta pela primeira vez Lupicínio Rodrigues e fecha o disco com uma reverência à Bossa Nova e seus autores na intimista leitura de “Desafinado” de Tom Jobim.

A direção musical é de Gilberto Gil e arranjos e regência ficaram a cargo de Arthur Verocai.

Repertório:

Lado A
1. Índia (José Asunción Flores e Manuel Ortiz Guerreiro - versão de José Fortuna)
2. Milho Verde (Folclore Poruguês - adaptação de Gilberto Gil)
3. Presente Coridiano (Luiz Melodia)
4. Volta (Lupicínio Rodrigues)

Lado B
5. Relance (Caetano Veloso e Pedro Novis)
6. Da Maior Importância (Caetano Veloso)
7. Passarinho (Tuzé de Abreu)
8. Pontos de Luz (Jards Macalé - Waly Salomão)
9. Desafinado (Antônio Carlos Jobim e Newton Mendonça)

Ficha técnica:

Índia
Gravadora: Philips
Direção de produção: Guilherme Araújo
Direção de estúdio: Edú Mello e Souza
Técnico de som: Luigi (Rio) e Marcus Vinicius (S. Paulo)
Mixagem: Ary e Luigi (Rio) e Marcus Vinicius (S. Paulo)
Estúdios: Phonogram (Rio) e Eldorado (S. Paulo)
Foto: Antonio Guerreiro
Capa e Palavras destaque: Waly Salomão
Músicos: Gilberto Gil (violão, violão de 12 cordas), Dominguinhos (acordeom), Toninho Horta (guitarra), Luiz Alves (contra-baixo), Roberto Silva (bateria), Chico Batera (percussão e efeitos)
Direção musical: Gilberto Gil
Rogério Duprat: recriação de Índia
Arthur Verocai: arranjos e regências em "Pontos de Luz" e "Presente Cotidiano"
Mario Tavares: regência das cordas em "Índia"
Tenório Jr.: órgão em "Volta"
Roberto Menescal: violão em "Desafinado"
Wagner Tiso: órgão em "Ponto de Luz" e "Presente Cotidiano"
Chacal: percussão em "Milho Verde"