Para ouvir Vanusa

Seleção com gravações da cantora paulista realizadas entre 1973 e 1977, do pop das AMs a colaborações com Hermeto Pascoal e Zé Ramalho

Vilmar Bittencourt 15/04/11 18:21 - Atualizado em 26/12/13 16:48

A cantora paulista Vanusa em três momentos. (Reprodução / Site oficial Vanusa)

A presente lista reúne gravações de Vanusa realizadas entre 1973 e 1977. No período de quatro anos, a cantora paulista lançou discos nos quais demonstrou coragem para ir do pop popular de AM a colaborações com Hermeto Pascoal, ou com Zé Ramalho, na época estreante.

Como boa cantora de rádio, Vanusa tem seus "prefixos", canções que remetem, imediatamente, à intérprete afinada. Duas dessas abrem a seleção: "Manhãs de setembro", a mais significativa, é sua parceria com Mário Campanha e aponta temática feminina existencial que, anos depois, a autora exploraria com sucesso; a outra é "Paralelas", composição de Belchior que, até hoje, não teve registro que superasse o de Vanusa, em técnica ou emoção.

A seleção que você vai ouvir não repete compositores. Além de Hermeto, autor e arranjador de "Alumiou", e Zé Ramalho, de "Avohai", ela canta outros contemporâneos seus como Caetano Veloso, que compôs "Duas Manhãs" especialmente para ela, Zé Rodrix e Tavito ("Coisas pequenas"), Antônio Carlos, Jocafi e Ildázio Tavares ("Mercado Modelo") e João Bosco e Aldir Blanc, parceiros em "Amigos novos e antigos", faixa-título do álbum de 1975.

Item da discografia de Vanusa mais constante na sequência musical aqui apresentada, Amigos novos e antigos é considerado pela cantora como marco importante na sua carreira, por aproximá-la de autores do primeiro time como os já citados Belchior, João e Aldir, além de Luiz Melodia ("Congênito"), Milton Nascimento e Fernando Brant ("Outubro"). Do repertório desse sexto álbum, fazem parte canções de Carlinhos Vergueiro, Raimundo Fagner, Antônio Marcos e Sérgio Sá, parceiro de Vanusa em "Espelho".

Casada com o produtor Augusto César Vannucci, na segunda metade da década de 1970, Vanusa ganhou do marido "uma outra visão de música". Segundo a cantora, antes dele, tinha mais interesse na música americana do que na história da música brasileira. Além de orientar a mulher em termos de postura e vestimenta, Vannucci apresentou-lhe o repertório de clássicos nacionais. Em 1976, Vanusa gravou em raro compacto simples "Riacho do Navio", xote antigo de Luiz Gonzaga e Zé Dantas. No ano seguinte, incluiu em seu álbum Vanusa 30 anos o hino do natal brasileiro composto por Assis Valente em 1933. Em interpretação absolutamente adequada a seu enredo triste e melancólico, "Boas festas" teve sua melhor regravação só igualada, recentemente, à que Maria Bethânia realizou em 2008.

O convite está feito, não se reprima: aperte o play e comece refletindo por que a musa loura canta "E as borboletas do que fui pousam demais / Por entre as flores do asfalto em que tu vais" no lugar de "Como é perversa a juventude do meu coração / Que só entende o que é cruel, o que é paixão"?

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