As raras parcerias de Vinicius

Músicas do poeta com Mutinho, Adoniran, Antônio Maria, Ary Barroso, Alaíde Costa, Gerson Conrad, Vadico, Ernesto Nazareth e até Chico Buarque

Danilo M. Martinho 25/03/13 18:00 - Atualizado em 28/01/15 11:18

Vinicius de Moraes durante o programa Vox Populi, da TV Cultura, em 1980, ano de sua morte. (Bernardino G. Novo / CEDOC FPA)

"A vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida", já diria Vinicius de Moraes no clássico "Samba da benção", e encontros não faltaram em sua vida. Foram inúmeros parceiros musicais durante a carreira do poeta e diplomata, na qual se destacam Tom Jobim, Toquinho, Baden Powell e Carlos Lyra. Mas a vida também é feita de desencontros.

Adoniran Barbosa e Vinicius de Moraes nunca se falaram, nem ao menos se conheceram, mas "Bom dia, tristeza", imortalizada na voz de Maysa, registra um parceria de sucesso entre os dois. Bastaram alguns versos rabiscados por Vinicius em um guardanapo e entregue à Aracy de Almeida, amiga em comum dos dois compositores. O sambista natural de Valinhos (SP) assinou a melodia, e a parceria entre desconhecidos estava parida.

A vida também separou Vinicius de outros parceiros. Ernesto Nazareth não viu uma de suas obras para música popular, o choro "Odeon", receber a letra do poeta. Vinicius, por sua vez, não conheceu a letra que Adriana Calcanhotto fez para melodia composta por ele e Francis Hime nos anos 1970, "Um sequestrador", a pedido do próprio Francis. Música lançada em 2003 no disco Brasil lua cheia, de Francis Hime.

A maioria de seus parceiros era sempre de amigos. Amigos com quem tinha muito cuidado e carinho, chamando-os pelo diminutivo, como "Tonzinho" ao se refrir ao seu companheiro de tantas composições e uísques Tom Jobim. Outro nome da MPB que conviveu intensamente com Vinicius de Moraes foi Chico Buarque. O diplotama era amigo dos pais de Chico e frequentava sua casa constantemente. Mesmo assim, Chico e Vinicius moldaram apenas duas músicas em conjunto, "Valsinha" e "Desalento". E contando as composições à seis mãos, ora com Tom, ora com Toquinho, ora com Francis Hime, as músicas não chegam a dez, por mais que não pareça.

Vinicius de Moraes teve encontros que chegam a passar despercebidos. É o caso daquele que gerou "Rosa de Hiroshima", obra composta com Gerson Conrad para o grupo Secos e Molhados e aqui apresentada em versão instrumental sacolejante a cargo da orquestra do maestro Portinho.

O encontro para Vinicius nunca passava em branco. Ocasional, íntimo ou rotineiro, ele ganhava a eternidade em canções e poemas.

Repertório:

01. Vinicius, o poeta do encontro - Suzana de Moraes e Paulo Autran
02. Valsa dos músicos (Vinicius de Moraes e Mutinho) - Miucha
03. Tudo o que é meu (Alaíde Costa e Vinicius de Moraes) - Alaíde Costa
04. Mulata no sapateado (Ary Barroso e Vinicius de Moraes) - Mart'nália
05. Bom dia, tristeza (Adoniran Barbosa e Vinicius de Moraes) - Maysa
06. Quando tu passas por mim (Antônio Maria e Vinicius de Moraes) - Dóris Monteiro
07. Um sequestrador (Francis Hime, Vinicius de Moraes e Adriana Calcanhotto) - Francis Hime e Adriana Calcanhotto
08. Odeon (Ernesto Nazareth e Vinicius de Moraes) - MPB-4 e Quarteto em Cy
09. Eterna despedida (Luiz Roberto Oliveira e Vinicius de Moraes) - Márcia
10. Por você (Vinicius de Moraes e Chiquinho Enoé) - Ronnie Von
11. Poema dos olhos da amada (Paulo Soledade e Vinicius de Moraes) - Sérgio Ricardo
12. Rosa de Hiroshima (Gerson Conrad e Vinicius de Moraes) - Portinho e sua Orquestra
13. Sempre a esperar (Vadico e Vinicius de Moraes) - Elizeth Cardoso
14. Valsinha (Chico Buarque e Vinicius de Moraes) - Chico Buarque
15. Onde anda você? (Vinicius de Moraes e Hermano Silva) - Toquinho e Vinicius
 

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