Dalva e Herivelto por eles e elas

Sucessos nas vozes de Nina Becker, Chico Buarque, Wilson Simonal, Gal Costa e outros.

BIANCAMARIA BINAZZI 17/03/12 18:00 - Atualizado em 17/03/12 18:00

Uma das vocalistas da Orquestra Imperial, Nina Becker é fã de Dalva de Oliveira, de quem gravou um antigo sucesso, transformando-o em peça de uma coleção de roupas. (Caroline Bittencourt)

As histórias de amor e as brigas entre a cantora paulista Dalva de Oliveira (1917-1972) e o cantor e compositor fluminense Herivelto Martins (1912-1992) renderam não somente beijos, farpas e dois filhos (Pery Ribeiro e Ubiratan Martins), mas um punhado de sucessos. Do casamento, que se entendeu de 1937 a 1949, nasceram “Praça Onze”, “Ave Maria do morro” (ambas com o Trio de Ouro, formado por Herivelto, Nilo Chagas e Dalva), “Segredo”, clássico lançado por Dalva em 1947, mesmo ano de “Caminhemos” (Herivelto), gravado pelo rei da voz Francisco Alves.

Da tumultuada separação, um acerto de contas sem fim por meio de mais músicas, como “Errei sim” (Ataulfo Alves), gravada por Dalva em 1950, e “Pensando em ti” (Herivelto e David Nasser), originalmente lançada em 1957 por Nelson Gonçalves em um 78 rotações que trazia no lado B o samba “Nega manhosa”, também de Herivelto.

Esta playlist apresenta músicas do período em que os dois dividiam o mesmo teto, como também da fase posterior de ambos. Clássicos interpretados por figuras como Ney Matogrosso, João Gilberto e Miúcha, Gal Costa, Paula Toller e Ná Ozzetti. Tem o baião “Kalu”, de Humberto Teixeira, sucesso de Dalva em 1953, “Olhos verdes”, do Trio de Ouro em 1951, e “Vaidosa”, de Herivelto e lançada pelo sambista paulistano Germano Mathias em 1962.

A faixa de abertura desta seleção é “Distância”, bolero de Marino Pinto e Mário Rossi gravado originalmente por Dalva de Oliveira em 1954 e aqui apresentada na voz da estilista e cantora Nina Becker, integrante da Orquestra Imperial. Abaixo, o depoimento de Nina sobre essa música.
 

Desde pequena eu tinha uma admiração muito grande pela Dalva. Adorava essa música! Achava muito bonitinha. A Dalva a gravou em Londres. Ela estava na Europa havia seis meses em uma temporada no Savoy Hotel. Lá ela conheceu o Roberto Inglez, um maestro escocês, e gravaram juntos um disco.

Sempre achei que a melodia dessa música fosse muito atual. Eu achava que gravá-la hoje em dia  faria sentido: as pessoas conseguiriam reconhecer a beleza da melodia, da letra e tal.

E assim aconteceu. Eu a gravei e lancei junto com minha coleção, como se fosse uma peça de roupa. Quem comprava uma roupa, ganhava o disquinho, com uma capinha em tecido de seda, que fechava com um botão de madrepérola. Bem com cara de “volte sempre”, bem com cara de “era do rádio”.

Foi a primeira vez que eu gerei um fonograma. Passei anos cantando essa música no meu show, e as pessoas vinham perguntar: “Nossa, mas essa música é linda! É sua? É muito bonitinha!”. Ninguém desconfiava que a música foi um sucesso de Dalva.

 

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