Dentre os grandes, és o primeiro

As conquistas e os jogadores do São Paulo enaltecidos por Nando Reis, Planta e Raiz, Hélio Ziskind, Juca Chaves, Carlinhos Vergueiro, Zeca Baleiro e Fagner.

Alceu Maynard 12/04/11 07:01 - Atualizado em 12/04/11 07:01

Raí desequilibra jogador do Barcelona na final do Mundial de Interclubes de 1992, em que fez dois gols. (Arquivo Histórico S.P.F.C.)

Fusão entre a “Associação Athlética das Palmeiras” e o “Club Athlético Paulistano”, nasceu em 1930 o São Paulo da Floresta. Somando faixas vermelha, branca e preta, o uniforme estamparia homenagem aos dois clubes fundadores. Sua história combina com outros fatos relacionados ao esporte bretão. Neste mesmo ano, foi disputada a primeira Copa do Mundo, e as partidas passaram a contar com dois tempos de 45 minutos cada.

Caçula entre os grandes clubes do estado, o São Paulo Futebol Clube, então situado no Bairro da Floresta, nasceu campeão. Logo no ano seguinte, em 1931, sob o comando do craque Friedenreich, o time ganhou o Campeonato Paulista de Futebol. Mesmo assim, após algumas escorregadas da diretoria, principalmente envolvendo dívidas pela compra da nova sede do clube, o palácio “Trocadero”, o clube foi declarado extinto, depois de fundir-se com Clube Regatas do Tietê. Então, 235 sócios, inconformados com tudo que ocorrera, refundaram o clube em 16 de dezembro de 1935, data oficial do nascimento do São Paulo Futebol Clube.  

Esta playlist apresenta 11 músicas que contam breves episódios da soberana história do clube.

Embora com pouca idade, em 1942, a associação foi ambiciosa e não mediu esforços para trazer o maior jogador brasileiro antes do surgimento de Pelé: Leônidas da Silva. Ainda no auge de sua popularidade, a contratação do Diamante Negro foi a mais cara do futebol sul-americano até então. Com ele, o São Paulo firmou-se como um grande time, formando o “trio de ferro” ao lado de Corinthians e Palmeiras.
 


O conjunto cearense Vocalistas Tropicais gravou em 1950, pela Odeon, um disco de 78 r.p.m. que trazia do lado 1 o samba "Diamante Negro" (David Nasser e Marino Pinto), homenagem ao criador da bicicleta. Do outro lado do bolachão, "Trinta dinheiro" (Waldemar Ressureição e Amaro Gonçalves). Por sua habilidade e agilidade com a bola, Leônidas também ficou conhecido como “Homem Borracha”. Autor de lances incríveis, formou o rolo compressor o lado de Rui, Bauer, Luizinho, Sastre, Noronha e Teixeirinha, craques que em 1943 foram capazes de fazer a “moeda cair em pé”. 

Considerado um time mediano até 1940, torcedores do Palestra Itália (Palmeiras) e do Corinthians diziam que "o São Paulo só será campeão se a moeda cair em pé". Nos sete anos seguintes, a moeda caiu em pé mais quatro vezes, com os dois bicampeonatos: 1945, 1946, 1948 e 1949.
 


Com as recentes conquistas, o tricolor paulista começou um movimento para a construção de um estádio, uma “casa” à altura das glórias que o time conquistaria. O então presidente Cícero Pompeu de Toledo encabeçou o projeto do maior estádio particular do mundo. De 1952 até 1960, o clube concentrou todas as finanças na construção do estádio, no bairro do Morumbi. Apesar da prioridade com as obras, o tricolor paulista conquistou os campeonatos paulista de 1953 e 1957. Neste último, brilhou a estrela de Canhoteiro, ídolo lembrado pela torcida até os dias de hoje. Homenageado por seu conterrâneo, o cantor e compositor maranhense Zeca Baleiro, Canhoteiro disputou 408 jogos com a camisa do clube. Diziam que o jogador fazia no lado esquerdo o que Mané Garrincha fazia na direita; outros afirmavam que era capaz de driblar no espaço de um lenço.
 


Se o futebol durante os anos 1950 tinha ganhado menos títulos em relação à década anterior, outros dois ídolos nacionais, um do boxe e outro do atletismo, brilhavam com o manto tricolor. Revelado pelo clube em 1947, Adhemar Ferreira da Silva foi primeiro o bicampeão olímpico do país. No salto triplo, Adhemar bateu duas vezes o recorde mundial: em Helsinque, na Olimpíada de 1952, e três anos depois, no Pan-Americano do México. As duas estrelas douradas da bandeira tricolor são uma homenagem a esses dois feitos.

O São Paulo também era soberano nos ringues. Considerado por especialistas como o maior nome do boxe nacional, Éder Jofre iniciou sua carreira no clube, aliás, seu clube do coração. Vindo de uma família de boxeadores, o “Galinho de Ouro” conquistou o Mundial da Associação Mundial de Boxe (AMB) em 1960 e unificou os títulos pelas federações americanas e europeias dos galos em 1962. Onze anos depois, foi campeão mundial dos penas pelo Conselho Mundial de Boxe (CMB).

Nos anos 1960 o clube não conquistou títulos expressivos no futebol. Mesmo assim, durante o reinado de Pelé e sua “seleção”, manteve-se na Primeira Divisão, ostentando até hoje o trunfo de nunca ter sido rebaixado para nenhuma das categorias disputadas no futebol.

Infelizmente, não há músicas que pontuam todos os períodos e feitos do São Paulo Futebol Clube. E como o principal guia desta playlist é a música, antes de dar um salto no tempo, vale relembrar alguns craques que fizeram parte da história vitoriosa do tricolor. São nomes pra não esquecer...
 


A década de 1970 foi ponto de partida da máquina tricolor. Após conquistar os campeonatos estaduais de 1970, 1971 e 1975, chegou em 1977 o tão esperado título de campeão brasileiro. Uma vitória nos pênaltis sobre o Atlético Mineiro, em pleno Mineirão. Nestes anos, Valdir Peres, Forlan, Paraná, Pedro Rocha, Daryo Pereira, Gérson, Muricy Ramalho e Serginho Chulapa (maior artilheiro do clube) ficaram eternizados na memória dos torcedores.

Uma década ainda mais gloriosa estava por vir. Anos 1980, cinco vezes campeão. Foi bicampeão paulista em 1980/81 e campeão em 1985. A nova era vem com os “Menudos do Morumbi”: os jovens Müller, Silas, Sidney e Careca conquistaram o segundo Campeonato Brasileiro para o São Paulo, em 1986. Ainda nesta década viriam dois campeonatos paulistas (1987 e 1989) e a conclusão do Centro de Treinamento da Barra Funda.
 


Com uma estrutura de dar inveja aos outros clubes, o Tricolor ganha fama mundial com a “Era Telê”. Para muitos torcedores, a história do time se divide entre os períodos pré-Telê Santana e pós-Telê. Além das realizações e conquistas, o técnico ajudou consagrar um ídolo que, por muito tempo, se tornou “a cara” e “o cara” do Morumbi: Raí. Irmão do jogador Sócrates, símbolo do rival Corinthians, Raí foi campeão paulista em 1989 e artilheiro que ergueu as taças do paulista de 1991 e do tricampeonato brasileiro no mesmo ano. Após ganhar outro Paulista e a sonhada Taça Libertadores da América, em 1992, no Morumbi lotado, chegou a hora de bordar outras estrelas na bandeira tricolor.



Koeman, Stoichkov e Laudrup formavam o Barcelona de Johann Cruyff, que disputou o Mundial de Interclubes. Mas naquele 13 de dezembro, Raí foi maior que todos. Fez os dois gols da virada são-paulina. O segundo, de falta, é imagem recorrente nas lembranças dos torcedores. Até hoje o goleiro espanhol Zubizarreta deve procurar aquela bola! Antes de ser transferido ao Paris Saint Germain, Raí conquistou o bicampeonato da Libertadores. Não jogou no Mundial Inter Clubes daquela edição, mas viu Toninho Cerezo, Palhinha e Muller marcarem os três gols da vitória sobre o Milan. Com esta segunda conquista, o São Paulo igualava-se ao Santos de Pelé em títulos mundiais.

Na música, os feitos internacionais são lembrados por Guaracy Sampaio, conselheiro do S.P.F.C., e autor de "Diploma de verdadeiro campeão". A música interpretada por Everaldo Ferraz provoca os adversários e propõe um vestibular para se aprender a ganhar a competição com o tricolor. Mas o meia-campista Raí também foi lembrado em um samba em 1999. Aficcionado pelo futebol, o compositor e cantor Carlinhos Vergueiro homenageia alguns “artistas” da bola no CD Contra-ataque, como o camisa 10 do Morumbi.
 


A globalização também se manifesta no futebol. Com isso, cada vez são mais raros os ídolos de uma torcida. Identificação com clube, dedicação extra-campo, permanência no mesmo time por vários anos são atributos estranhos hoje em dia. Então, o que dizer de um atleta que faz do clube sua segunda casa? O que dizer de um jogador motivado por um só ideal há mais de 20 anos? A torcida tricolor sabe: "Todos têm goleiros, mas somente o São Paulo tem Rogério Ceni".

Ceni venceu o hábito brasileiro de apenas valorizar o passado. Seu tempo é agora. Muito antes de pensar em abandonar os gramados, já agarrou o título de maior ídolo do tricolor paulista. Rogério é uma lenda viva. Ambicioso como a história de seu clube, tornou-se um goleiro que não cabe somente no gol: é o arqueiro que mais estufou as redes no futebol mundial. Atingiu a marca de 100 gols em março de 2011 em partida do Campenato Paulista contra o Corinthians. 

Jogador com maior número de partidas com a camisa tricolor, Ceni conquistou duas Libertadores, dois Mundiais (é o único goleiro a marcar gol na história do torneio), é tricampeão brasileiro e por aí afora. Foi considerado o melhor jogador do Mundial da Fifa em 2005, quando “fechou gol” garantindo o terceiro título ao clube, em uma vitória de 1 a 0 sobre o ingleses do Liverpool. Ganhou os prêmios de melhor jogador e goleiro dos campeonatos brasileiro de 2006 e 2007. Neste último, ficou em quinto lugar no ranking dos dez melhores goleiros do mundo, elaborado pela Federação Internacional de História e Estatística do Futebol (IFFHS). É dele também o maior número de músicas dedicadas a um atleta do clube. 

Nesta seleção, você ouve duas músicas dedicadas a “Air Ceni”: primeiro, o reggae do grupo Planta e Raiz, "Goleiro matador". Fã de rock'n'roll, Ceni também recebeu louros da banda Dr. Sin com a música "Número 1".
 


O cantor, compositor e torcedor tricolor Nando Reis produziu duas músicas ao seu time de coração. Elas integram a trilha sonora do filme Soberano, que registra as seis conquistas do maior campeonato nacional. Nos anos de 2006, 2007 e 2008, o time ganhou consecutivamente o Campeonato Brasileiro, feito inédito na história da competição.
 


Divirta-se com estas 11 músicas. São cantos que enaltecem a paixão e a memória de um clube com nome de santo e da maior cidade do Brasil.

 
REPERTÓRIO

1. Diamante Negro (David Nasser e Marino Pinto), por Vocalistas Tropicais
2. Canhoteiro (Fagner, Zeca Baleiro, Fausto Nilo e Celso Borges), por Zeca Baleiro e Fagner
3. Raí (Carlinhos Vergueiro e J. Petrolino), por  Carlinhos Vergueiro
4. Goleiro artilheiro (Jair Oliveira), por Jair Oliveira

5. Goleiro matador (Kiko Tupinambá, Zeider, Fernandinho), por Planta e Raiz


6. Número 1 (Andria e Ivan Busic), por Dr. Sin


7. Soberano (Nando Reis), por Nando Reis
8. Herança (Nando Reis), por Nando Reis
9. Marchinha do São Paulo (Juca Chaves), por Juca Chaves
10. Uma moeda (Hélio Ziskind), por Hélio Ziskind
11. Nomes pra não esquecer (Hélio Ziskind), por Hélio Ziskind
12. Diploma de Campeão (Guaracy Sampaio e Everaldo Ferraz), por Everaldo Ferraz e coral
 




AGRADECIMENTOS
Ao Departamento de Comunicação do São Paulo Futebol Clube e a Michael Serra do Arquivo Histórico do SPFC.


REFERÊNCIAS
[ ] Loyola Brandão, Ignácio. São Paulo F. C.: a saga de um campeão. 1996.

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