Elvis Presley made in Brazil

Caetano Veloso, Lee Jackson, Ronnie Cord, Guilherme Arantes, Roberto e Erasmo Carlos, Raul Seixas e Reginaldo Rossi se requebram para homenagear o Rei do Rock.

Na década de 1950, o que para muitos soava apenas como um ritmo com “uma batida diferente” ganhou dimensões globais com Elvis Aaron Presley (1935-1977). Ícone da cultura popular mundial, o cantor norte-americano foi um dos criadores do rockabilly, uma fusão de música country e rhythm and blues. Posteriormente conhecido como rock'n'roll, o novo ritmo foi trilha sonora para diferentes revoluções comportamentais, influenciando artistas e, principalmente, encorajando jovens a encararem a música como um estilo de vida.

Esta playlist compila versões, regravações ou músicas dedicadas ao Rei do Rock.

Em 1977, ano da morte de Presley, o grupo paulistano Lee Jackson lançou o álbum Tribute to Elvis. No LP, versões em samba-rock para clássicos como "Kiss me quick", "Blue suede shoes", "Don't be cruel" e "Return to sender".
 

Anos antes de fazer sucesso com "Rua Augusta", uma composição de seu pai, o maestro Herve Cordovil, Ronnie Cord gravou três de seus quatro LPs com sucessos internacionais. Entre canções românticas e rock está uma versão lançada em 1960 para "Jailhouse rock", hit de Elvis que deu nome ao seu terceiro filme. Rodado em 1957, a película retratava o ídolo como um jovem transgressor e incompreendido, mas foi imortalizada por um número de dança na prisão coreografada pelo próprio Elvis. Para muitos, esta cena pode ser considerada um dos primeiros videoclipes da história do rock.

Em 1954, Elvis ensaiava em um estúdio filial da Sun Records, em Memphis, quando de maneira descontraída improvisou o blues "That’s all right mamma", de Arthur Crudup. Esta “brincadeira” foi parar numa rádio de sua cidade e se tornou um sucesso absoluto. Logo, Elvis tinha um dos seus primeiros sucessos na quarta posição da parada da Billboard. O cantor paulistano Jerry Adriani gravou em 1990 o álbum Elvis vive, um tributo com 15 versões em português, incluindo "Tudo bem mamãe", versão para "That’s all right mamma".

Jerry Adriani era amigo de Raul Seixas desde os tempos de Raulzito e os Panteras, em Salvador. Em comum, tinham admiração por Elvis Presley. Faixa do álbum Baú do Raul (1992), "Can't help falling in love"  foi gravada por Seixas em 1976, mesmo ano em que lançou “Eu nasci há dez mil anos atrás”. Parceria com Paulo Coelho, “Eu nasci...” foi inspirada na música "I was born about ten thousand years ago", gravada por Elvis em 1970. 

O recifense Reginaldo Rossi orgulha-se ao dizer que foi o primeiro cantor de rock do Nordeste, quando comandava o grupo The Silver Jets. Influência mesmo foi a da Jovem Guarda em sua início de carreira, mesmo assim, homenageou The Pelvis com "Pegando fogo", versão para "Burning love" presente no álbum Momento de amor (1989).
 

Apaixonados por rock'n'roll, os irmãos Vecchione viviam na década de 1960 no bairro da Pompeia, em São Paulo, considerada a Meca do rock paulistano. Não foi difícil encontrar outros “cabeludos” na pauliceia desvairada para formar o Made in Brazil, a mais antiga banda de rock em atividade no país. Com coordenação artistica de Ezequiel Neves, o segundo álbum do grupo, Jack o estripador (1976) traz a música "Meu amigo Elvis", em que Osvaldo Vecchione registra a passagem do furacão Elvis em sua adolescência. 

Tudo começou a mudar
Na década de cinquenta 
O mundo abriu e caiu
Na minha cabeça!
Elvis foi quem causou tudo isso!
Elvis fez um reboliço
Total, total! 

Representante do rock progressivo tupiniquim, O Terço tinha como influência principal bandas inglesas como Beatles e Pink Floyd. Mas, em 1972, em seu segundo álbum, gravou a faixa "O rock do Elvis". Os compositores Vinicius Cantuária e Ezequiel Neves lembram de um tempo em que ir ao cinema com uma garota significava levar um irmão mais novo a tiracolo, ainda mais se você usasse topete, costeletas compridas e jaqueta de couro.

Este visual marcou (e ainda marca) bandas inspiradas no rock dos anos 1950. Juntando humor e malícia, os “topetudos” da banda carioca João Penca e Seus Miquinhos Amestrados fizeram sucesso no rádio e em programas de auditório na década de 1980. No álbum Oh my gay (1986) é possivel conferir a versão debochada de "Heartbreak hotel". Escrita pelo cantor Léo Jaime e intitulada "Cachet", a música narra a perda de uma namorada para um “coroa barrigudo” e diretor de televisão. “Mas a vida é assim, o que eu posso fazer?”, indaga Avellar Love com voz empostada à Elvis. 

Como todos sabem, Elvis também embalou muitas paixões. E no Brasil, Guilherme Arantes, pianista, cantor e hitmaker, mostrou talento para versões em "Rio das inquietas águas". Originalmente "Bridge over troubled water", a composição de Paul Simon foi um dos grandes sucessos do Rei do Rock no Brasil. Mas "Love me tender" é a canção com maior número de versões e regravações por brasileiros. Para esta seleção musical, Caetano Veloso é quem solta a voz. Em faixa-bônus do álbum A foreign sound (2004), o clássico lembra uma cantiga de ninar. 

Para encerrar esta audição, um pot-pourri de um rei para outro.
 

REPERTÓRIO

1. Return to sender (Blackwell), por Lee Jackson
2. Jailhouse rock (Jerry Leiber e Mike Stoller), por Ronnie Cord
3. Tudo bem, mamãe (That's all right mamma) (A. Crudup - vs Jerry Adriani), por Jerry Adriani
4. Pegando fogo (Burning love) (D. Linde - vs Reginaldo Rossi), por Reginaldo Rossi
5. Meu amigo Elvis (Osvaldo Vecchione), por Made in Brazil
6. Rock do Elvis (Vinicius Cantuária e Ezequiel), por O Terço
7. Cachet (Heartbreak hotel) (Mae Boren Axton, Tommy Durden e Elvis Presley - vs Léo Jaime), por João Penca e Seus Miquinhos Amestrados
8. Rio das inquietas águas (Bridge over troubled water) (Paul Simon - vs Guilherme Arantes), por Guilherme Arantes
9. Can't help falling in love (George David Weiss, Hugo Peretti e Luigi Creatore), por Raul Seixas
10. Love me tender (Elvis Presley e Vera Maison), por Caetano Veloso
11. Tutti-frutti / Long tall Sally / Hound dog / Blue suede shoes / Love me tender, por Roberto Carlos e Erasmo Carlos