Estudando São Paulo

Depois de seus três estudos musicais, como 'Estudando o samba', Tom Zé bem que poderia lançar um outro em que esmiuça a capital paulista.

Danilo M. Martinho 22/08/12 14:00 - Atualizado em 22/08/12 14:00

Tom Zé durante o show de seu álbum O pirulito da ciência. (Marcelo Rossi / Divulgação)

 O cantor e compositor baiano Tom Zé é conhecido pelas suas experimentações musicais. Sempre busca algo novo em um trabalho de pesquisa minucioso. O músico também é conhecido pelo bom humor e pelas sacadas na hora de compor. Recentemente lançou o box "Studies of Tom Zé", exclusivamente nos Estados Unidos, que reúne seus três estudos musicais mais conhecidos: "Estudando o samba", "Estudando o pagode", "Estudando a bossa". Mas, observando a obra do tropicalista radicado na cidade de São Paulo, percebe-se sua ligação íntima com a capital paulista desde que pisou por aqui nos anos 1960. Uma de suas primeiras composições de sucesso, vencedora do 4º Festivel de Música Popular Brasileira, foi "São, São Paulo", registrada em seu primeiro disco de carreira, "Grande liquidação".
 


Dentro de seu universo criativo, Tom Zé brincou e reinventou São Paulo em crônicas que beiram o surrealismo, como ao narrar a briga do Edifício Itália, localizado à Avenida Ipiranga, 344, levantado em 1965 e protegido pelo patrimônio histórico da cidade, com o Hilton Hotel, vizinho luxuoso da Avenida Ipiranga, 165, inaugurado em 1971, e destivado recentemente ao ser transferido para o Brooklin Novo. Outra crônica de Tom Zé é a canção que transforma as ruas paralelas Augusta, Consolação e Angélica em mulheres e antigos casos de amor.
 


A relação afetiva do músico não o impede de criticar a capital brasileira do trabalho, também conhecida como cidade de pedra. "Parque industrial" e "Camelô" comentam as relações trabalhistas que encontrou por aqui. "Botaram tanta fumaça" critica tanto a poluição, quanto a postura dos paulistanos.

Durante anos, Tom Zé estudou a música brasileira, ao mesmo tempo em que estudava e desenhava São Paulo, pano de fundo de todos seus discos. Em um desses estudos, "Estudando o pagode" (2005), criou um gênero musical que homenageia a capital: ao gravar "A volta do trem das onze" indicou na contracapa do disco "Pagode à Adoniran". Este é baiano-paulistano Tom Zé.


REPERTÓRIO

01. "Não buzine que estou paquerando"
02. "A gravata" - Tom Zé
03. "Camelô" - Tom Zé
04. "Senhor Cidadão", música sobre poema "Cidade", de Augusto de Campos 
05. "Correio da Estação do Brás"
06. "Botaram tanta fumaça"
07. "A briga do Edifícil Itália com o Hilton Hotel"
08. "Augusta, Angélica e Consolação"
09. "São, São Paulo"
10. "A volta do trem das onze"
 

 

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