Hablas?

Os brasileiros que não fazem feio ao entoar canções compostas, originalmente, na língua de Cervantes. Com Nana Caymmi, Roberto Carlos, Caetano e Elis.

Vilmar Bittencourt 18/01/12 16:00 - Atualizado em 18/01/12 16:00

Ícones da língua castelhana - A cantora argentina Mercedes Sosa e o músico franco-espanhol Manu Chao. (Reprodução)

Além da dimensão continental, da miscigenação de brancos, pretos e índios e de todo seu tropicalismo, o Brasil carrega mais uma originalidade que o distingue entre seus vizinhos: aqui se fala o idioma de Camões. América portuguesa somos nós a arriscarmos um híbrido portunhol para que nos entendamos com os hermanos. Como os gagos que, ao cantar, não tropeçam nas armadilhas das palavras, brasileiros até que não fazem feio ao entoar canções compostas, originalmente, na língua de Cervantes.
 


A presente lista reúne 13 faixas cantadas em espanhol. São tangos, boleros, vals peruano e canções inspiradas em folclore latino-americano gravados por brasileiros movidos por diferentes motivações. Elis e Milton encontraram em Violeta Parra o tom exato para a expressão de suas convicções políticas e sociais oportunamente defendidas em seus álbuns “Falso brilhante” e “Geraes”.  
 


A busca por um incremento numérico na audiência também está na pauta. Ao cantar Carlos Gardel pela primeira vez, Roberto Carlos começava seu namoro com o público de língua espanhola. Anos antes de “Fina estampa”, Caetano só queria homenagear Bola de Nieve gravando uma canção do repertório do cantor e pianista cubano em seu “Qualquer coisa”.
 


Na sequência musical que você vai ouvir, o amor também está no ar. No mesmo pique de “El dia que me quieras”, dois boleros de Armando Manzanero são cantados por Leny Andrade, antecipando em 25 anos “Alma mía”, CD de 2010 em que a cantora gastou seu espanhol em 14 faixas. Além de Manzanero, há mais dois autores românticos mexicanos cantados por brasileiros: Roberto Cantoral, por Maysa, e Consuelo Velásquez, por João Gilberto. 
 


México, Cuba, Chile, Argentina, Peru e até mesmo Espanha estão representados nesta lista. Da pátria da língua castelhana, Nana Caymmi traz um soneto de Joan Manuel Serrat. Entre os latino-americanos, além dos mexicanos, estão a chilena Violeta Parra (“Casamiento de negros”), a peruana Chabuca Granda (“La flor de la canela”) e os cubanos Moisés Simón (“Coubanakan”) e Margarita Lecuona (“Babalú”). Estrangeiro no ninho, Manu Chao é francês e autor de um sucesso mundial que tem versos como “Me dicen el clandestino/Yo soy el quiebra ley”. 
 


Francês ou uruguaio, Carlos Gardel costumava dizer que havia nascido em Buenos Aires aos dois anos e meio, idade em que mudou-se para a Argentina egresso do berço natal indefinido. Contemporâneo de Gardel, o portenho Enrique Santos Discépolo escreveu “Cambalache”. Composto em 1935, há quase oito décadas, o tango focaliza os muy amigos que sempre hão de pintar por aí.
 

 

REPERTÓRIO

01. "Cambalache", por Ângela Ro Ro
02. "Coubanakan", por Ney Matogrosso
03. "Babalú", por Ângela Maria
04. "La flor de la canela", por Caetano Veloso
05. "Gracias a la vida", por Elis Regina
06. "Soneto a mamá", por Nana Caymmi
07. "Volver a los 17", por Milton Nascimento e Mercedes Sosa
08. "Casamiento de negros", por Mônica Salmaso
09. "Besame mucho", por João Gilberto
10. "El dia que me quieras", por Roberto Carlos"
11. Contigo aprendi/Esta tarde vi llover", por Leny Andrade
12. "La barca", por Maysa
13. "Clandestino", por Adriana Calcanhotto

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