Tem talco na pista?

Salão encerado, pisante bicolor, gel na cabeleira e uma seleção musical para cantar e dançar junto. Forró, xote, samba-rock e gafieira.

Traje vistoso, perfume na ombreira, sandália de prata ou sapato bico fino, solteiro ou acompanhado, arrasta-pé ou gafieira, o importante é não ficar parado. E para embalar os pés de valsa de plantão, o Cultura Brasil sugere uma seleção de 15 músicas feitas para cantar e dançar junto.

Do balanço inconfundível de Miltinho a interpretação deliciosa de Clara Nunes, essa playlist passeia pelo xote, baião, sambalanço, sambarock, forró, gafieira e soul music.

Encabeçando a seleção, a banda Eddie interpreta “O Baile Betinha”, composição irresistível de Erasto Vasconcelos, um dos mestres da música pernambucana. O percussionista do grupo olindense, Urêa, assume os vocais e convida o público a dançar “agarradinho de rostinho coladinho”. A música integra o disco Carnaval no inferno (2009).
 

Esta seleção de músicas dançantes também resgata a mistura acentuada entre bossa nova, samba e jazz, que nos final dos anos 1950 ganhou a alcunha de sambalanço. O estilo seguiu paralelo a ascensão do gênero eternizado por João Gilberto e conquistou espaço em muitos bailes até a metade dos anos 1960. Um de seus ícones foi o cantor e compositor Orlandivo, autor de sucessos como “Tamanco no samba” e “Bolinho de sabão”. Dele, uma composição interpretada por Dóris Monteiro. A música faz parte do LP Dóris, Miltinho e charme (1970). É a música brasileira sambalançada com elegância, doçura e suingue.
 

Para lembrar o clima das gafieiras, uma música do arquiteto, músico e compositor Billy Blanco. “Estatuto da Gafieira” é um hino da boa conduta em meio ao melhor espírito da dança de salão. Gravada por Inezita Barroso em um 78 r.p.m. em 1954, esta canção foi o primeiro sucesso de Billy Blanco. 

Moço
Olha o vexame
O ambiente exige respeito
Pelos estatutos
Da nossa gafieira
Dance a noite inteira
Mas dance direito

Da soul music verde-e-amarela, um ataque fulminante de suingue e balanço com Marku Ribas e Di Melo. Deste último, a playlist Tem talco na pista? retira de seu único LP (1975)  “A vida em seus métodos diz calma”.
 

Ainda nesse seleção, Jorge Benjor é representado por Marisa Monte em “Balança pema”. Rita Ribeiro dá as caras com um seu samba-batuque maranhense “Cocada”, do mestre Antonio Vieira. Moraes Moreira, no melhor do espírito carnavalesco baiano, interpreta “Pombo-correio”, parceira com Dodô e Osmar, dupla responsável pela origem dos trios elétricos. E também tem a Rainha do Baião, Carmélia Alves, interpretando um forró de João do Vale, Alventino Cavalcanti e Ayres Vianna.

Músicas para esquentar qualquer noite e curar qualquer ressaca. Chame os amigos, agarre seu par e mostre que quem fica parado é poste.